Sempre que pensamos em medicina de qualidade no Brasil, a primeira referência que temos em mente são os grandes centros médicos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Isso não é diferente quando o assunto é medicina diagnóstica. As maiores empresas do setor estão nessa região e despontam com pioneirismo e alta tecnologia.
Acreditamos, porém, que o gap que existia entre esses grandes centros e outras regiões do país vem se tornando cada vez menor.
Vamos falar aqui mais especificamente do Nordeste. O grande facilitador para a diminuição dessa diferença é o acesso à informação, principalmente ao uso da internet. Hoje, através da web, médicos e gestores têm acesso às melhores tecnologias disponíveis na atualidade e não deixam passar a oportunidade de implementar a melhor e mais recente solução disponível. Pouco tempo atrás fazia-se necessário estar, por exemplo, no Congresso Americano de Radiologia (RSNA – Radiological Society of North America ) ou de Análises Clínicas (AACC – American Association of Clinical Chemistry) para poder se atualizar. Os pacientes, cada vez mais antenados, exigem as melhores tecnologias e práticas. Frequentemente os ouvimos perguntar se o equipamento de Ressonância Magnética é de 1.5 ou 3.0 Teslas.
Um exemplo claro de que a tecnologia de ponta é uma sólida realidade fora do eixo Rio-São Paulo é a realização do exame de PET/CT (acrônimo de tomografia por emissão de pósitrons / tomografia computadorizada). Esse exame, inserido no rol da Medicina Nuclear e importante aliado no diagnóstico e no combate ao câncer, ficou restrito ao Sudeste e Sul do Brasil por muitos anos até chegar às outras regiões. Temos, como exemplo, a clínica OMNIMAGEM em Fortaleza- CE, associada à ABRAMED, que instalou recentemente seu segundo aparelho de PET/CT. Esse equipamento trouxe grandes ganhos para os pacientes e médicos, pois reduziu sobremaneira o tempo em exame e uma grande melhora na definição da imagem gerada.
No mesmo sentido, temos cada vez mais médicos especialistas fora dos grandes centros e isso faz com que a medicina diagnóstica esteja em constante evolução para ser o apoio de que os médicos especialistas necessitam para a tomada de decisões e condutas terapêuticas.
Outro ponto a ser destacado é que, além do incremento do parque tecnológico, torna-se evidente a busca por qualidade e humanização dos centros de diagnóstico. Acreditação Hospitalar e vários outros selos de qualidade entraram no radar das clínicas, laboratórios e hospitais.
Podemos destacar alguns grandes centros de diagnóstico que são hoje importantes polos de medicina diagnóstica: Salvador, Recife, Fortaleza, Teresina e São Luís. Por outro lado, temos alguns grandes desafios que permanecem no dia a dia dos centros de diagnósticos fora do eixo Rio-São Paulo. Dentre esses desafios podemos citar a distância dos centros de distribuição de peças de reposição para os equipamentos de diagnóstico.
A grande maioria dos CDs fica em São Paulo e isso tem um impacto relevante quando há a necessidade de manutenção com substituição de peças. Não é raro ter de esperar vários dias para o recebimento das peças e para que o equipamento volte a funcionar. Somado a isso, a prática de recolhimento do ICMS entre os estados da federação dificulta a chegada dos itens solicitados. Tome-se como exemplo a simples troca de um fiscal na fronteira estadual que pode dificultar ou mesmo impedir a entrega dos mesmos às clínicas,mesmo sendo estas consumidores finais, ou seja, isentas de inscrição estadual e de pagamento de tal tributo.
Outro desafio bastante relevante é o acesso mais restrito aos planos de saúde por parte da população que se encontra fora do eixo Rio-São Paulo. Comparativamente, a quantidade de pessoas que tem acesso a planos de saúde é bem menor do que no referido eixo. Essa restrição, diretamente relacionada com o menor poder aquisitivo, faz com que operadoras e planos de saúde paguem às clínicas um ticket bem menor pelos exames em relação aos grandes centros. Esse ponto é crucial, pois o custo para a execução do exame é maior fora do eixo Rio-São Paulo. Equipamentos, manutenção e insumos são mais caros e o valor pago pelas operadoras são bem menores. Nesse sentido, faz-se necessário um olhar mais minucioso por parte dos órgãos regulatórios como ANS e CONSU.
Com a restrição ao mercado de planos de saúde, o SUS tem um papel importante no que se refere ao acesso à medicina diagnóstica pela população, principalmente no interior dos estados, onde existem poucos serviços de diagnóstico do próprio governo, tendo de se recorrer a clínicas e hospitais privados conveniados ao Ministério da Saúde. Ocorre que as tabelas remuneratórias do SUS estão congeladas há mais de 20 anos e a contrapartida que deveria vir da esfera municipal ou estadual quase nunca é garantida.
Para finalizar, podemos dizer que continuamos a tomar os grandes centros de diagnóstico do eixo Rio-São Paulo como referência, embora tenhamos a certeza de que muitas soluções já surgem também em outras regiões e de que isso é fundamental para médicos e pacientes que precisam contar com medicina diagnóstica de qualidade.
Juliano Esteves Viana
CEO Grupo OMNIMAGEM
Quando se trata de prevenir doenças do coração, nossa atenção se volta aos fatores de risco: lipídeos (colesterol, triglicerídeos), obesidade,…
Consultas com médicos, além de exames laboratoriais e de imagem podem ser realizados no conforto do lar ou em empresas.…
Sempre que pensamos em medicina de qualidade no Brasil, a primeira referência que temos em mente são os grandes centros…